«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

terça-feira, dezembro 27, 2011

«Pequeno pavilhão» custou 9,5 milhões

Fazer obra não justifica toda e qualquer obra

O Diário noticiara em 20.4.2011 e o Público de hoje recupera o assunto:

«Em 2026 acabará o orçamento [regional] de pagar as prestações anuais de 500 mil euros pela construção do pequeno pavilhão desportivo do Arco da Calheta. A obra custou 9,5 milhões - o dobro do previsto e pouco mais que o Pavilhão do Porto Santo, o maior do arquipélago -, encargo inicialmente da Sociedade de Desenvolvimento Ponta Oeste, assumido pelo governo regional.»

As sociedades de desenvolvimento seriam auto-suficientes e não custariam um cêntimo aos contribuintes, mas a realidade veio a ser outra.

Inaugurado em 25 de Fevereiro de 2011, este pavilhão é um exemplo de uma obra que não cobre uma necessidade básica da população, sobretudo quando se vivem momentos de grave crise financeira. Além disso, o mesmo concelho da Calheta, nas freguesias da Calheta e dos Prazeres, possui outros pavilhões e zonas desportivas sem utilização esgotada.

Outro aspecto importante é a utilização e rentabilização da infraestrutura, bem como a sua manutenção. Sem esquecer o investimento realizado na construção. Sem esquecer as alegadas anomalias que o Diário de 20 de Outubro último dava conta.

Refira-se ainda que esta obra destoa, na volumetria e na cor, na paisagem. O contraste do azul do mar e o verde das encostas da ilha é belíssimo, mas a cobertura azul do pavilhão no meio do verde do Arco da Calheta não produz um efeito visual favorável.

São opções e prioridades de quem governa, como foi prioridade no início da década construir uma promenade no Jardim do Mar, com elevados custos e pouca utilização/rentabilização, antes ou em lugar de construir um acesso rodoviário seguro para aquela freguesia e para o Paúl do Mar.

Os portugueses e madeirenses são melhores a criticar e a deitar-abaixo do que a construir, mas fazer obra não justifica toda e qualquer obra, toda e qualquer prioridade.

É por estas e por outras que a Região acumulou uma dívida de quase 6 Mil Milhões de euros, que poderia ser menor e a qualidade de vida dos madeirenses ser basicamente a mesma.

Neste momento estaríamos em melhor posição de negociar com a República o plano de resgate financeiro e não teríamos de fazer tantos sacrifícios em matéria de impostos e restantes medidas de austeridade.
---
Photo taken with a Nokia cellphone 3.2 megapixel camera : no editing : no flash : © neliodesousa March 8, 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário